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Postado em 24 de Maio de 2016 às 14h40

O que é felicidade?

A felicidade pode ser permanente? Em que bases ela se assenta?
Podemos dizer que a felicidade é um estado de intensa alegria que experimentamos em alguns momentos. E, enquanto dura, absorve de tal modo a pessoa em si mesma que esta não se coloca a refletir ou questionar razões ou motivos para o que está sentindo.
Ao contrário, aqueles que sofrem ou sentem dor, em sua grande maioria, irão em busca das raízes de sua dor. Seja em importantes situações de vida ou momentos fortuitos, o sentimento de felicidade chega, podendo gerar um “estado de plenitude”. 
Assim, se a felicidade não é uma condição permanente de existência, mas nos vem em situações definidas, por outro lado podemos sempre recriá-la, reinventá-la nas várias formas em que expressamos a vida. Porque algumas pessoas são felizes tendo poucos recursos financeiros e outras não? É a forma como cada um de nós olha o mundo, o valor que damos às coisas, inclusive à dor e frustrações, a tolerância que temos para com os problemas. As pessoas felizes não são aquelas que não tem problemas, mas as que aprendem a conviver com eles sem deixar que os mesmos tomem conta da vida delas.
Existe relação entre felicidade e realidade social/econômica? Um pobre pode ser feliz?
A partir do momento em que acreditamos que o ser humano é um ser social, toda realidade no campo social de alguma forma nos afeta. Porém, não podemos afirmar que a condição econômica desfavorável impossibilite alguém de ser feliz. Grande ilusão pensar que todos os ricos sejam felizes! Podemos dizer, isto sim, que as dificuldades econômicas no cotidiano trazem algum grau de sofrimento. Muitas vezes, por impedirem concretamente o suprimento de necessidades básicas. Também por incidirem no “desencorajamento” da crença e realização de sonhos possíveis. 
Hoje, se insiste muito na propaganda da auto-ajuda. Dá para se apoiar nisso para ser feliz?
Uma noção atual de felicidade bastante difundida pelas propagandas é o da felicidade como algo mágico, que se compra na prateleira do supermercado e que termina com todos os nossos dramas emocionais, físicos, espirituais...
Como se felicidade fosse se voltar para um individualismo descompromissado com o outro e com o mundo, onde o que importa é a satisfação imediata das “minhas necessidades e desejos”.
Felicidade não vem de fora, vem de dentro, no meu bem estar comigo mesmo, o que vem de fora vem contribuir para isso. Por isso o auto-conhecimento é muito importante porque me ajuda a ver como reajo diante das coisas, a me equilibrar em momentos conflitantes, a reagir diante do bom para não perdê-lo. Mas tem muito mais a ver com domínio de emoções do que com produtos que compro.
Vale a pena lutar, sonhar com a felicidade ou devemos deixar que ela venha?
Não dá para deixar tudo ao acaso na vida... Acredito que a felicidade está muito próxima de uma busca de sentido de vida e de ter uma vida digna, não só para si, mas para o coletivo. Então, é preciso ter ideais, almejar, sem esquecer o coletivo, se não a gente entra no individualismo.
Eu acredito que a gente está sempre tendo a possibilidade de reinventar novos modos de viver; recriar o que não é definitivo, porque a vida a cada dia traz situações inesperadas; nada está determinado. Aí talvez esteja a grande sabedoria da vida. Pode ser que a felicidade venha junto disto, nesta busca, nesta renovação diária, neste repensar.
O que dizer para os adolescentes que têm falta de auto-estima?
Aí entra a questão dos modelos prontos que a mídia coloca. O que é uma subjetividade já construída e que vem passada por grupos dominantes. E a gente perde o que existe de singular em cada um. Quem disse que a melhor forma de ser aceito é ser magro, atlético, usando a “tal” roupa? São modelos padrão que a mídia passa como sendo o belo, o feliz. Com isso, o que existe na pessoa de genuíno se perde. 
A pessoa acaba não sendo feliz por ela, mas está sempre correspondendo a alguma coisa que é ditada externamente. A felicidade passa pelo reconhecimento do que é próprio meu, junto aos outros com os quais vivo. A busca do auto-conhecimento é muito importante para isso: ter um projeto de vida, planejar, pensar o que quer para a vida, que princípios estão dentro do projeto, qual é o embasamento dos desejos...
Aí o adolescente não cai diretamente nessa rede da “moda” padronizada para poder ser aceito pelos outros. Ele tem que se aceitar.
Como buscar a felicidade?
É comum que alguém pense: “Serei feliz quando entrar na universidade, quando tiver um celular tal, um carro F, uma casa S, uma namorada X, uma conta Y e um corpo B”. Depois de ter conquistado tudo isso, desejará outras coisas. Sua felicidade será adiada e novamente perseguida, voltando o ciclo à estaca zero. Presos a essa lógica, adiamos ou limitamos a felicidade a momentos. Adotamos o preceito da sociedade de mercado, segundo a qual, tempo é dinheiro e deve ser aplicado em coisas úteis. Não se quer “perder tempo” em filosofar e refletir. A expressão característica do homem pós-moderno passa a ser a falta de reflexão mais profunda. O importante parece ser o que se sente aqui e agora.
Qual seria a ética mais adequada para nos conduzir à felicidade? Existe uma resposta universal para essa questão? Não. Os seres humanos são universos diversos. Cada um tem uma história e se constitui de maneira diferente.
Escolheremos os valores que queremos para pautar nossas ações. A decisão depende de nós, como também o resultado de nossas ações. Poderemos tornar nossa vida uma bela obra de arte, a ser admirada, mas poderemos transformá-la em algo desarmônico, feio e nocivo. A sociedade nos condiciona até certo ponto, mas podemos reagir a isso e sermos responsáveis por um caminho novo e mais feliz.

Por Ieda Dreger. 

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