CATEGORIAS

Aba 1

Postado em 24 de Maio de 2016 às 16h25

Você sabe o que é Violencia Emocional?

Embora a violência doméstica seja a mais comum, não posso deixar de falar da violência emocional, por ser ela a mais silenciosa forma de violência doméstica e para a qual não é dada muita atenção, mas diante da qual tenho tido um número crescente de atendimentos em meu consultório.

Porque não lhe é dada a atenção devida? Porque ele é tão sutil, que nem a vítima, muitas vezes, sabe que é vítima. O agressor consegue envolver tudo em tanta manipulação que deixa a vítima confusa, por isso é importante compreender o que significa violência emocional.

Na violência emocional, a arma mais frequentemente utilizada é a manipulação, a chantagem. A vítima é sempre acusada de ser a origem de todos os problemas do casal. Com choros, lamúrias, histórias dramáticas, o agressor procura fazer com que o cônjuge sinta-se culpado. Isso acontece em outras áreas da vida do agressor também, já que ele tem um tipo de personalidade que considera que tudo o que acontece em sua vida é culpa dos outros, ele não tem responsabilidade sobre isso. Ele é o grande sofredor, a grande vítima, a quem tudo de negativo acontece na vida, algumas vezes falando em suicídio e coisas do gênero.

Para exemplificar, tive um paciente que saiu de casa uma noite e voltou apenas no outro dia pela manhã, quando chegou não quis explicar o que aconteceu, então se trancou no quarto e começou a chorar falando de tantas coisas ruins que tinham ocorrido em sua infância, o quanto tinha sofrido, etc. Sua esposa, em vez de ficar brava, ficou com pena e lhe estendeu a mão, compreendendo seu “sumiço”.

O agressor também tem uma tendência a minimizar ou desfazer as queixas e argumentos dos outros. Tudo dele é maior, mais sofrido, mais urgente, importante e necessário. Busca a atenção contínua e satisfação de todas as suas vontades.

Para que isso aconteça e quando isso não acontece o agressor recorre a palavras depreciativas e humilhantes capazes de abalar a autoestima do cônjuge. Pode chegar a fazer acusações despropositadas, como: “você tem um amante”, do qual a vítima procura se defender, gerando um círculo vicioso. O fato de haver uma ligação emocional que envolve os dois, impede que a vitima perceba que está sendo alvo de uma chantagem ou manipulação.

Mas a humilhação continua, quando o agressor está nervoso, passa a chamar a vítima de gorda, burra, feia, etc., claro que com posterior pedido de desculpas, momento em que o agressor na verdade não reconhece o erro e ainda arruma uma desculpa dizendo-se “nervoso porque...”. Ou seja, não reconheçe o erro, apenas o justifica.

Muitas vezes ao agressor desfaz as características positivas do agredido com frases como: “você só tem isso porque eu ajudei”, “sem isso você não era nada”, etc. que não são mais do que tentativas de destruir a autoestima do outro e conseguir, assim, controlar a relação.

Em alguns casos o agressor recorre a tanta manipulação que ele acaba por afastar o cônjuge do convívio dos amigos, o que impede que este veja a manipulação e demora muito mais tempo para que desperte deste terror.

Na verdade não sei se o que me surpreende mais é o fato de que isto está se tornando mais e mais comum, ou seja, se o fato de o número de agressores estar crescendo ou se o fato do numero de vítimas caladas estar crescendo. Sim, porque as pessoas se mostram surpresas quando as confronto com o rótulo Em alguns casos as queixas de reações impulsivas e intempestivas do parceiro surgem intercaladas com comentários mais ou menos elogiosos ao comportamento. Talvez porque existem períodos de maior calmaria, estas mulheres são capazes de descrever o parceiro como alguém extremamente agradável, bom marido, ainda que “às vezes” ele perca o controle e agrida verbalmente. Ou seja, se tirar os episódios de violência “ele é um marido perfeito”

Não existem maridos nem mulheres perfeitas e as pessoas casadas ou que vivam um compromisso sério devem ser tolerantes em relação aos defeitos da pessoa amada mas isso não inclui a permissividade/ passividade em relação a qualquer forma de violência. Não há nada de saudável numa relação que é pontuada por episódios de agressividade e tentativas de humilhação do cônjuge. De resto, estes episódios deterioram de tal forma a autoestima do cônjuge agredido que, no final das contas, não sobra nada de bom em uma relação construída nestas bases e pagando este preço.

Por Ieda Dreger. 

Veja também

Socorro, sou uma pessoa infeliz!24/05/16 A maioria de nós conhece, tem ao seu lado ou próximo de si, pessoas queixosas. Pode ser o irmão, o avô, um amigo distante, um colega da universidade, etc. Para uma simples pergunta: “como tem passado?” ouve-se uma série de dificuldades e problemas que a pessoa tem, está passando ou pensa que pode passar. Ainda assim, somos uma sociedade otimista, se não......
Medo de errar24/05/16 Todos nós, algum dia, já tivemos medo de errar, de tomar alguma decisão e mais tarde chegar à conclusão de que ela não foi a decisão mais acertada! Mas existem pessoas que têm verdadeiro pavor de......
Brigas: a culpa é de quem, dele ou dela?24/05/16 Ao chegar em casa, ele olha com raiva para ela, parece que nada dá certo e ele já sabe o que vai acontecer em seguida. Ela vem com uma cara amarrada, provavelmente dizendo que alguma coisa esta quebrada ou alguma coisa de errado ele fez. Ele......

Voltar para (Blog)


Uso de Cookies

Nós utilizamos cookies com o objetivo de oferecer a melhor experiência no uso do nosso site. Ao continuar sua navegação, você concorda com os nossos Termos de Uso.