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Aba 1

Postado em 24 de Maio de 2016 às 17h27

Socorro, sou uma pessoa infeliz!

A maioria de nós conhece, tem ao seu lado ou próximo de si, pessoas queixosas. Pode ser o irmão, o avô, um amigo distante, um colega da universidade, etc. Para uma simples pergunta: “como tem passado?” ouve-se uma série de dificuldades e problemas que a pessoa tem, está passando ou pensa que pode passar. Ainda assim, somos uma sociedade otimista, se não otimista, ao menos acomodada. Mas vivemos o paradigma e o estigma da felicidade, buscamos ela de forma incessante, ainda que algumas vezes de forma pouco adequada.

E quando olhamos em nossa volta encontramos histórias de vida surpreendentemente distintos – sim, todos conhecemos também pessoas resilientes, que foram capazes de ultrapassar grandes adversidades na vida e que desafiam diariamente o jogo das probabilidades; se não estão ao nosso lado, já tivemos o prazer de ver na televisão ou de ouvir de outras pessoas. Mas também conhecemos pessoas que aparentemente têm tudo para serem felizes e que, para nosso espanto, não o são.

Aqui não me refiro ao queixoso, aquele descrevi no primeiro parágrafo, e sim àquelas pessoas que se queixam por tudo e por nada e que permitem que a amargura tome conta de si. Refiro-me àquelas que tantas vezes levam vidas exteriormente normais e que, numa análise mais profunda, se assumem como infelizes desde sempre.

Algumas pessoas são incapazes de reconhecer períodos de felicidade no seu percurso de vida. Olham para trás e não veem nada além de cansaço, sofrimento, melancolia e tristeza. Não há alegria, não há força, não há ambição, não há vontade, desejo, objetivos. Muitos destes casos não chegam sequer aos consultórios de psicologia porque as pessoas aprendem a viver assim, adaptando-se a estes estados emocionais, mantendo os respectivos empregos e demais compromissos e sendo vistas pelos outros como “normais”. Estas pessoas não vivem. Existem. Não vibram, não se empolgam, não tem grandes planos...se empurram, com dificuldade. Cada dia é um “leão vencido” como algumas relatam. E isso tem muito pouco de bom.

Pessoas que tem ausência bem estar e felicidade geralmente são pessoas que tem um transtorno depressivo que muitas vezes é negado pela própria pessoa e também por seus familiares, ainda que isso fique evidente no dia a dia. Mas como em muitos destes casos a depressão é crônica, podendo estar presente desde a infância, não existe um ponto de comparação para lembrar o antes e depois. A pessoa acha que está fazendo o que pode para lidar com os problemas, nas não está. Simplesmente porque não sabe como fazer, porque não sabe que tem um problema, acostumou-se a viver desta forma, imagina que a vida é assim mesmo. Algumas destas pessoas tem doenças constantes. Outras simplesmente não se importam...sobrevivem.

Na maioria dos casos bastaria uma exposição clara e honesta em um consultório médico para que este encaminhasse o paciente a um especialista. Ainda temos pudor na abordagem clínica das dificuldades de natureza afetiva e emocional. Os médicos estão, de um modo geral, sensibilizados e preparados para lidar com a depressão e as suas diferentes manifestações, mas muitos doentes camuflam o seu estado emocional.

Ainda que o clínico geral possa realizar o acompanhamento médico e farmacológico da depressão, a avaliação rigorosa (e possível identificação de perturbações associadas ao transtorno depressivo) pode depender de uma consulta de Psiquiatria. O psiquiatra não é “médico de louco” como muito pensam e falam. É alguém preparado para lidar com problemas da mente. E a depressão é um desses problemas, seja esta depressão hereditária, familiar ou seja lá a denominação que tiver, assim como a ansiedade e tantos outros. Em qualquer caso, estas dificuldades são normalmente tratadas com a medicação antidepressiva e a Psicoterapia (tratamento com o psicólogo). Porque os dois? Porque o psicólogo ajuda, com o diálogo, a visualizar caminhos novos onde antes parecia não existir nada. Orienta formas de lidar com cada situação que não pode ser modificada, também orienta a família que vai precisar ajudar a pessoa doente. A ajuda existe. O que há a perder em dar o primeiro passo? Nada, a não ser a tristeza, que esta sim, precisa ir embora de vez.

Por Ieda Dreger

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