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Aba 1

Postado em 23 de Maio de 2016 às 17h49

Porque é tão difícil viver a dois

Quando conheceu o homem que se tornaria seu marido, Fernanda, 36 anos, acreditou ter encontrado o grande amor de sua vida: "Mauro era romântico e atencioso. Nunca brigávamos, em poucos meses, já pensávamos em nos casar. Só havia Mauro na minha frente, afastei-me das amigas. Nosso namoro foi muito bonito. Viajávamos, saíamos para dançar, dançar... Mas as coisas começaram a mudar. De repente aquele Mauro que conheci se revelou um homem impaciente e egoísta. A compreensão deu lugar a prepotência e ao mau humor. Em pouco tempo as discussões se transformaram em brigas horríveis. Fico me perguntando onde eu errei. “Mauro não era nada daquilo que acreditei que fosse”, lembra.
A história de Fernanda é mais comum do que se supõe. Embora muita coisa tenha mudado nas últimas décadas, certos aspectos essenciais da vida, como a relação entre os casais, seguem modelos antigos, ainda que ambos se comunique com telefones celulares e que sete entre dez crianças sejam filhas de pais separados.
Como provavelmente aconteceu com muitas de nossas mães e avós, num piscar de olhos o namorado se torna o ser perfeito que vai se encaixar em nosso sonho. Isso acontece porque, na adolescência, os jovens idealiza um futuro par. Por ser mais romântica, a mulher insiste mais nisso. Mas ele também sonha constituir uma família. No fundo, ambos têm medo de enfrentar a solidão, a falta de aconchego e fogem dos próprios sentimentos. A garota quer encontrar alguém que a proteja. Então, ao longo dos anos, vai construindo o "Homem de sua vida", pendurando nele as qualidades que gostaria que tivesse. Quando vislumbra a possibilidade de uma relação mais duradoura, projeta na pessoa tudo o que imaginou. Ter um par é confortável, elimina o medo da solidão.
Não se trata de despejar a responsabilidade toda sobre os ombros de um dos dois. Acontece que o outro quer seduzir , a exemplo das relações de trabalho, nas quais o candidato ao emprego elabora um currículo ressaltando apenas qualidades, o parceiro mostra suas melhores facetas e omite os defeitos. Você já ouviu um ser apaixonado confessar que é pão-duro ou rabugento para a pessoa que deseja conquistar? Esta atitude reforça ainda mais a imagem idealizada. O homem e mulher jogam e, juntos, produzem o engano.
O verdadeiro conhecimento acontece com o convívio, e então surgem as desavenças. Não há quem não corra o risco de se decepcionar, pelo menos um pouco, com seu par. É até previsível. De certa forma, todo mundo cai na real na vida a dois. Mas, quanto melhor cada um elaborar seus próprios sentimentos e frustrações, menos precisará se pendurar em alguém. E a queda será, naturalmente, muito menos dolorida. O problema se agrava quando existe muita distância entre a realidade e a idealização. Nesses casos, a relação tem poucas chances de sobreviver. Um se sente traído pelo outro e brotam sentimentos como raiva e ódio. O desencanto aparece e mina o relacionamento.
É inevitável que venha a pergunta: "Faz sentido continuar? ". Perceber que, ao seu lado, existe simplesmente uma pessoa, nem príncipe nem sapo, pode ser o primeiro passo para chegar perto da resposta. Mas a relação vai depender do grau de maturidade de cada um dos envolvidos. A insegurança, por exemplo, nos leva a nunca ceder nem ampliar a visão para incluir a do parceiro. Muitas vezes a terapia de casal é a solução para desatar os nós. Ou, um trabalho individual, é possível detectar os nós que dificultam o relacionamento. É a hora de descobrir novos aspectos do parceiro e desenvolver a relação, que não vem pronta e tem de ser construída.
Quem se dispõe para a terapia de casal deve se armar de muita disposição e coragem, pois o processo envolve investimento de tempo, abertura para negociar, ceder, discutir e ouvir. A partir da nova convivência é que a vida a dois terá bases um pouco mais reais. Quando a relação é meramente burocrática, o casal tem uma vida absolutamente superficial. Cuida da casa e dos filhos, mas não consegue cuidar do relacionamento. Tenha em mente que a vida a dois não ou é um mar de rosas, porém pode ser bem mais confortável quando existe diálogo, troca afetiva e confiança mútua.

Por Ieda Dreger. 

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